Crie seu espaço de relaxamento em casa 0  



As festas de fim de ano são momentos especiais de agradecimento e comemoração, mas também de muita agitação e trabalho. Depois de tanto agito é bom recarregar as energias para recomeçar a rotina. Nem sempre é possível viajar para descansar em frente ao mar ou a sua paisagem preferida, por isso vamos te dar algumas dicas e inspirações para criar o seu próprio cantinho de relaxamento em casa.


Independente de morar em casa ou apartamento, grande ou pequeno, pense que esse cantinho tem que ser o mais privativo possível. Você deve olhar e já sentir a atmosfera boa do seu espaço. Escolha um espaço que te traga aconchego e onde você vai se sentir bem. Pode ser no quarto, na sala, ao lado da piscina, na varanda ou até próximo a sua janela preferida. 







Para preparar esse cantinho especial você vai verificar o quanto de espaço tem disponível. Em caso de pouco espaço uma cadeira bem confortável ou algumas almofadas podem ser a escolha. Caso você tenha mais área uma dica é usar um futon ou um pequeno deck de madeira e espalhar tecidos e travesseiros ou almofadas. 




Escolher a cor também é super importante. Seja para pintar as paredes, a cadeira ou mesmo o tecido pense em tonalidades que acalmam e relaxam? Tons frios, como o azul ou verde-claro são os ideais. Se você gosta de ler, separe alguns livros pelo local e inclua uma luminária. A música também pode ser sua aliada, mesmo que nos fones de ouvido. 

 

Para finalizar velas aromatizadas, plantas ou mesmo quadro e frases podem ajudar a criar o clima. Agora relaxe!



Organiza o Natal 0  


Alguém observou que cada vez mais o ano se compõe de 10 meses; imperfeitamente embora, o resto é Natal. É possível que, com o tempo, essa divisão se inverta: 10 meses de Natal e 2 meses de ano vulgarmente dito. E não parece absurdo imaginar que, pelo desenvolvimento da linha, e pela melhoria do homem, o ano inteiro se converta em Natal, abolindo-se a era civil, com suas obrigações enfadonhas ou malignas. Será bom.

Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterruptamente, de manhã à noite, de uma rua a outra, de continente a continente, de cortina de ferro à cortina de nylon — sem cortinas. Governo e oposição, neutros, super e subdesenvolvidos, marcianos, bichos, plantas entrarão em regime de fraternidade. Os objetos se impregnarão de espírito natalino, e veremos o desenho animado, reino da crueldade, transposto para o reino do amor: a máquina de lavar roupa abraçada ao flamboyant, núpcias da flauta e do ovo, a betoneira com o sagüi ou com o vestido de baile. E o supra-realismo, justificado espiritualmente, será uma chave para o mundo.

Completado o ciclo histórico, os bens serão repartidos por si mesmos entre nossos irmãos, isto é, com todos os viventes e elementos da terra, água, ar e alma. Não haverá mais cartas de cobrança, de descompostura nem de suicídio. O correio só transportará correspondência gentil, de preferência postais de Chagall, em que noivos e burrinhos circulam na atmosfera, pastando flores; toda pintura, inclusive o borrão, estará a serviço do entendimento afetuoso. A crítica de arte se dissolverá jovialmente, a menos que prefira tomar a forma de um sininho cristalino, a badalar sem erudição nem pretensão, celebrando o Advento.

A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer, despojando-se do uso do som. Para que livros? perguntará um anjo e, sorrindo, mostrará a terra impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta à maneira de um livro.

A música permanecerá a mesma, tal qual Palestrina e Mozart a deixaram; equívocos e divertimentos musicais serão arquivados, sem humilhação para ninguém.

Com economia para os povos desaparecerão suavemente classes armadas e semi-armadas, repartições arrecadadoras, polícia e fiscais de toda espécie. Uma palavra será descoberta no dicionário: paz.

O trabalho deixará de ser imposição para constituir o sentido natural da vida, sob a jurisdição desses incansáveis trabalhadores, que são os lírios do campo. Salário de cada um: a alegria que tiver merecido. Nem juntas de conciliação nem tribunais de justiça, pois tudo estará conciliado na ordem do amor.

Todo mundo se rirá do dinheiro e das arcas que o guardavam, e que passarão a depósito de doces, para visitas. Haverá dois jardins para cada habitante, um exterior, outro interior, comunicando-se por um atalho invisível.

A morte não será procurada nem esquivada, e o homem compreenderá a existência da noite, como já compreendera a da manhã.

O mundo será administrado exclusivamente pelas crianças, e elas farão o que bem entenderem das restantes instituições caducas, a Universidade inclusive.

E será Natal para sempre.

Ah! Seria ótimo se os sonhos do poeta se transformassem em realidade.



Carlos Drummond de Andrade

Texto extraído do livro "Cadeira de Balanço", Livraria José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1972, pág. 52.